É preciso parar de achar que a escola pública de hoje é pior que a escola pública de antigamente. Primeiro, porque os métodos são absolutamente os mesmos, ou seja, aquela mesmíssima maneira ultrapassada de tentar passar conhecimentos, tão criticada pelos grandes educadores. Segundo, porque a tal boa escola pública de antigamente recebia uma minoria de crianças vindas das camadas ricas, com todo um background cultural e educativo que lhes propiciavam aprender mesmo com os métodos anacrônicos que a escola utilizava. Mais ou menos o que acontece ainda hoje com as chamadas boas escolas privadas, que de boas não têm nada. Elas simplesmente podem dar-se ao luxo de ser incompetente, porque elas acabam escolhendo aqueles alunos que vêm das camadas ricas – que continuam vindo das camadas ricas – que aprendem apesar da escola. Mas, para a escola pública de hoje, não é assim. Seu alunado não é formado por alguns minguados herdeiros das elites privilegiadas. Não! Quem precisa da escola pública são os milhões de filhos de oprimidos, a quem foram sonegadas todas as oportunidades e condições de se apropriar da cultura. Esses não aprendem apesar da má escola. Eles precisam, sim, de uma escola de qualidade, senão a educação não se realiza. É com isso que temos que nos preocupar.
