Educar envolve, sim, o exercício do poder. Como o educando só aprende se quiser, a primeira coisa a fazer é levá-lo a querer aprender, ou seja, a agir de acordo com nossa vontade de educador. E isso representa autenticamente um poder social. É aqui que cabe levar em conta a diferença entre autoritarismo e a autoridade.
O autoritarismo se dá sempre que procuramos impor a nossa vontade, sem levar em conta a vontade do outro, não importa quanto o conteúdo dessa ação possa parecer positivo. O autoritarismo é uma ação política que transforma o outro em objeto.
Ao contrário disso, a autoridade é o correlato da democracia, que envolve precisamente o respeito à condição de sujeito do outro. A autoridade se faz presente quando o outro aceita a nossa vontade de forma livre, sem qualquer tipo de constrangimento ou imposição.
É assim que se dá a educação como prática da liberdade. Isso não significa que o educando possa fazer absolutamente tudo o que lhe vier à cabeça, sem levar em conta a condição de sujeito do educador. Porque, senão, isso redundaria num autoritarismo por parte do educando.
Chê Guevara disse que é preciso ser duro, mas sem perder a ternura, eu acrescento, que precisa ser terno, sem perder a dureza. Mas, essa dureza deve ser feita ternamente; com firmeza, mas com afeto, senão é o fracasso total e a perda do educando para as forças do obscurantismo e da violência.