Vitor Henrique Paro. Entrevista ao Serviço de Comunicação e Mídia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, em 10 de outubro de 2013 – Parte 3/5.
Conteúdo:
Progressão continuada
– a rigor, um pleonasmo
– politicamente, consistiu, às vezes, numa estratégia para acabar gradualmente com as reprovações escolares
– sua implantação demagógica ou desmazelada serviu para maquiar estatísticas, mas o feitiço virou-se contra o feiticeiro, porque ela fez vir à tona a má qualidade do ensino que estava encoberta pela reprovação
– não é de modo nenhum a causadora da “queda” na qualidade do ensino, pois este já era muito ruim
Promoção automática
– Três maneiras de concebê-la:
– concepção técnica: expressão utilizada por grandes educadores brasileiros, entre eles Dante Moreira Leite, ainda na década de 1950, para advogar a estupidez da reprovação escolar
– uso pejorativo: utilizada para significar o sistema que se limita apenas a não reprovar, sem tomar nenhuma outra providência na melhoria do ensino
– uso equivocado: utilizada simplesmente para defender a reprovação como recurso pedagógico. Infelizmente este é o uso mais comum.
“progressão continuada, sim; promoção automática, não”
– não se trata, pois, de eliminar a reprovação (que não seria, portanto, má em si) mas de utilizá-la com critério.
Progressão continuada ou promoção automática?
– Falso problema:
– Nem progressão continuada, nem promoção automática. É preciso aposentar a tara de aprovar ou reprovar. A escola deve existir para ensinar.
– Passar de ano ou promover para a próxima série não tem sentido porque o ensino verdadeiramente moderno, com base científica, não deve ser organizado em série.
– Reprovar ou reter é estupidez pedagógica em si, por razões técnicas e políticas