A chamada liberdade natural não esgota o conceito de liberdade no sentido humano, ou seja, do ser humano como representante da humanidade. No domínio da natureza, onde se insere essa liberdade natural, tudo acontece necessariamente. Nós costumamos dizer “o pássaro é livre para voar”. Não, ele voa necessariamente, ele não pode optar entre voar e não voar. A liberdade humana, em seu sentido histórico, tem que ultrapassar essa necessidade. Por exemplo, se alguém salta do décimo andar de um edifício, ele necessariamente se estatela no chão e morre. É preciso a interferência humana para evitar que isso aconteça. Um paraquedas, por exemplo. Mas o paraquedas não nasce em árvore, o paraquedas não é algo natural. O paraquedas é algo inventado pelo homem. É ele que dará a opção de morrer, caindo, ou flutuar. Neste sentido, a liberdade humana é algo produzido. Quer dizer que o ser humano tem que produzir sua liberdade. A verdadeira liberdade humana não é algo natural, é algo artificialmente produzido pelo próprio homem.