Quando esse animal chamado homem transcende sua condição natural, criando um valor, como manifestação de sua vontade, ele torna possível o estabelecimento de um objetivo vinculado a esse valor. Por exemplo, nas épocas mais primitivas, o ser humano, que sempre teve que se locomover a pé, com o esforço de seus músculos, de repente, manifesta sua vontade de chegar depressa e sem fazer força. Isto é um valor, que permite o estabelecimento de um objetivo – por exemplo, domesticar o cavalo e andar sobre o seu lombo.
Só falta, então, aplicar uma atividade a esse objetivo. Essa atividade adequada a um fim chama-se trabalho humano, e está presente em toda a prática humano-histórica sobre a Terra. Ao transformar, assim, a Natureza, ele transforma sua própria condição que, de humana (natural), passa a ser humano-histórica. Agora ele não tem necessariamente que andar a pé. Ele acrescentou a essa condição a liberdade de optar entre andar a pé e andar a cavalo. Veja, portanto, que a liberdade humana não é algo que se ganha ou que se conquista. É algo que se realiza. E se realiza, sempre, pelo trabalho.