62 Radicalismo ou sectarismo

É muito comum a gente ouvir: “Ah! Mas vocês, marxistas, ateus, vocês são muito radicais.” Somos, mesmo. Só que precisa entender o conceito de radical. Ninguém fez uma distinção tão precisa entre radicalismo e sectarismo do que o nosso querido educador Paulo Freire. Radical vem de raiz, quer dizer ir à raiz. Você está no domínio da razão, no domínio da ciência, então, você vai à raiz dos problemas. Você não teme ir à raiz do problema. A verdade é radical: é ou não é. Já, no domínio do sectarismo, você opta por uma seita, por um partido, por uma igreja, por um clube, por algum pensamento, simplesmente. E aí você é sectário: independentemente de tudo, você já determinou, já aceitou aquilo e segue aquilo. E às vezes segue numa grande “radicalidade”, no sentido do senso comum, de ser até fanático. Quem está do lado da ciência, e neste sentido está o materialismo histórico, não tem que se preocupar em aderir a uma seita. Karl Marx disse que não era marxista precisamente por isso. Agora, é muito comum você ver pessoas que se dizem marxistas e que são sectárias, porque em vez de ir às raízes dos problemas, em vez de procurar ver aquilo que o Karl Marx trouxe de ciência, ele simplesmente deifica uma pessoa e fica fazendo de Karl Marx – que foi um cientista acima de tudo – um deus. E aí ele não fica muito diferente dos próprios evangélicos, cristãos e todos os religiosos que aderem… aderem às vezes a um livro que diz um monte de asneiras e que foi escrito há quase três mil anos, mas simplesmente aceita porque é aquilo. Então, vamos deixar bastante claro: radical não é defeito. Ser radical é ir à raiz do problema, no domínio da razão, no domínio da ciência. Sectarismo, às vezes, nem é tão mal, mas na maioria das vezes é. Você simplesmente aceita uma seita e se torna um sectário e, em grande medida, na maioria das vezes, fanático, e isso é mal.

04/12/2023

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